04 agosto 2006

DIA DE LUTO

Neste nosso país onde tanta coisa inútil se celebra, ocorre-me hoje, dia 4 de Agosto, evocar os 428 anos sobre a batalha de Alcácer-Quibir. É indiscutivelmente uma data importante, marcante, da nossa História pois aí, independentemente da posterior e gloriosa Restauração, muito de um determinado conceito de Portugal jamais se voltou a erguer daquele funesto areal, até hoje...
Evoco neste dia, ao relembrar a batalha onde despareceu a "maravilha fatal da nossa idade" no dizer do nosso glorioso Camões, a inclemência da História para com os vencidos. Já a antiga Roma o vaticinava com o seu sincrético e lapidar vae victis. A quem perde todos os direitos de dignidade são, normalmente, negados. Aos vencedores cabe o panegírico e aos vencidos o opróbio... sempre assim terá sido.
Não se "estranha" pois que o Rei D. Sebastião possa ter sido conduzido à condição do sergiano "soberbo pedaço de asno" (que fez escola). Nos anos 70 e 80 um Professor da Faculdade de Letras de Lisboa, o meu querido Mestre e saudoso Professor (um dos poucos dignos desse nome que por lá havia na altura) Francisco Salles Loureiro, numa obra revisionista (à atenção do Pantera), Dom Sebastião, antes e depois de Alcácer-Quibir, recuperava com aturada verdade documental a imagem de um rei atento, culto, austero e intiligente, contemporâneo de uma complexa conjuntura e traído por interesses externos. A prova estava feita mas há muito que a musa Clio estava envenenada contra este personagem e a mais fácil e "sugestiva" imagem do asno perdurou. Daquela obra lapidar (editada pela Vega) ter-se-à perdido o rasto, subsistindo, apenas nalguns alfarrabistas.
Poucos sabem que a batalha esteve prestes a ser ganha por nós (leia-se o notável O minuto vitorioso de Alcácer-Quibir, de José d'Esaguy), poucos recordam a culpa de Filipe II no seu desfecho... é sempre melhor para o trauma colectivo "asnificar" o Rei e isentarmo-nos colectivamente de responsabilidades, enfim.
Retomando um velho hábito meu de há muitos anos vou ver se arranjo um bocadinho para ir ali aos Jerónimos e recolher-me um pouco frente aquele imponemte túmulo que reza:
HIC SEPULTUS EST, SI VERA EST FAMA, SEBASTIANUS REX...

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2 Comments:

Blogger Humberto Nuno de Oliveira said...

Caro Pantera, revisionismo é o acto de rever. Aplica-se a qualquer evento histórico.
Os seus "argumentos" não são de quem quer ouvir. É pena...
Por acaso existiam censos, tinham sido feitos vários ao longo da década de 70 (1570- como vê é prudente não afirmarmos o que não sabemos).
Olhe já agora sabe o que significa HOLOCAUSTO????
Um abraço

segunda-feira, 07 agosto, 2006  
Blogger Humberto Nuno de Oliveira said...

è justamente isso uma história só com testemunhos ...sem quaisquer documentos...Não será estranho????
Cuidado Pantera, na Wikipedia qualquer louco pode pôr lá o que muito bem entender...)

segunda-feira, 07 agosto, 2006  

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