ENSAIO DE BALANÇO
A última semana foi marcada por uma inusitada, mas largamente anunciada, manobra contra a "extrema-direita". Os factos ocorridos denotam aspectos de clara perseguição política e de parcialidade no entendimento e aplicação da lei. Muito já se escreveu e disse sobre o assunto mas penso que importa clarificar quatro aspectos que não devem, nem podem, ser encarados com leviandade.
Muito do ocorrido foi já aflorado pelo meu presidente e camarada José Pinto-Coelho cujas declarações de ontem não posso corroborar integralmente mas cujo sentir entendo perfeitamente. Ensinou-me a vida a muito raramente passar cheques em branco a quem quer que seja e assumpções de inocência a priori não são de facto fáceis de fazer nos dias que correm. Independentemente destas minhas considerações gostaria de deixar bem claro que, para lá de eventuais outras acusações e condenações, é indesculpável que alguém seja incomodado, detido ou condenado pelas suas crenças ou convicções como parece ser, manifestamente, o caso de muitos dos detidos nesta operação.
Nesta estranha "democracia" os que não seguem a lógica do rebanho tornam-se, inevitavelmente, alvos a abater e é tal lógica que importa denunciar, contrariar e combater. Para lá dos aspectos que colidam com a escrupulosa aplicação da lei (que deve ser para todos e não apenas, ou exclusivamente, para os Nacionalistas), e que devem ser, naturalmente, investigados e aclarados.
Há, como disse, todavia aspectos que perfiguram uma clara intimidação e perseguição política que importa aclarar.
1. A Invasão da sede do PNR
Desde os conturbados tempos do "Verão Quente", de que alguma inteligentsia esquerdista no poder poderá sentir algumas saudades, que se assistia a tal ocorrência. Na realidade também nesses tempos de tão aprimorada "democracia" partidos inconvenientes como o Partido do Progresso, Partido Liberal e Partido da Democracia Cristã viram as suas sedes devassadas pelas forças progressistas. Chegou aparentemente a vez do igualmente incómodo PNR. Qual o móbil de tão estranha actuação contra um partido legal português. A busca de drogas e armas foram as razões constantes do mandado. Dois tiros em cheio, poderímos dizer. Haverá partido com posição mais clara quanto ao consumo ou tráfico de droga que o PNR? Para a maioria de nós drogados são drogados e não toxicodependentes e isto já diz muito. O PNR é e sempre foi contra o tráfico e o consumo de drogas. O que procuravam então? Ou terá sido engano e o alvo era uma sede ali para as bandas da Rua da Palma onde até pelo menos há uns anos a coisa era "prato da casa", ou seriam as casas dos utilizadores confessos e promotores de legalização ou seria uma conhecida festa ali para a Margem Sul onde a coisa circula com alegria e abundância? E as armas? Seriam as destinadas à revolução nacional em marcha ou as destinadas ao tráfico que financiaria o partido? É que na penúria em que o mesmo vive quotidianamente só se fossem fisgas ou fundas... Não haverá quem veja a cegueira e má fé desta actuação apesar de, estou certo, "fundamentadíssimas suspeitas" que justificaram o mandado... Que pensará disto o Tribunal Cosntitucional que tutela os partidos? Já esperimentaram ou pensarema procurar na casa do ministro Mário Lino que se calhar não devolveu todas as do tempo de operacional da ARA... Ou na da agora televisiva Drª Isabel do Carmo.
2. O Arsenal
Não defendo a existência de armas - sobretudo de fogo - na posse de quem para elas não tenha direito. Nem nisto sou pró-americano... embora reconheça que, procurando bem, até eu com a minha mania dos coleccionismos, possa ser um perigoso bandido. Na realidade ocorrem-me algumas "armas brancas" (que compro sempre que posso onde vou) penduradas na parede do escritório (donde nunca sairam nem sairão) e ainda um pequeno revólver (que presumo não funcionará) que uma das minhas bisavós paternas usou na Rotunda nos acontecimentos do 5 de Outubro (é verdade, amigos, grande parte da minha família era republicana). Serei por isso um potencial criminoso? Mas vendo bem quantos "criminosos" como eu haverá do PCP, PS, PSD, CDS ou será que as armas na posse desses não são perigosas, só as nas mãos de militantes do PNR. Se assim é quem o decidiu, com que intentos e objectivos?
A um amigo meu, coleccionador de canivetes, até apreenderam uma "borboleta" arma com que poria frequentemente em alvoroço toda a alta de Lisboa. Não haverá quem veja a iniquidade desta actuação e seu sectarismo...
3. Os Livros
Não terá uma pessoa o direito de ler e possuir os livros que muito bem entender? Pelos vistos não, nesta "democracia". Mas a coisa não é ela própria linear nem simples, senão vejamos. O mesmo exacto livro pode ou não ser um "veículo de ódio", logo motivo de apreensão, consoante o seu proprietário. Passo a explicar. Para quem leia pouco (ou mesmo o tenha sem ter lido), um qualquer "Mein Kampf" aliado a outro livros da mesma área política é prova suficiente de inúmeras malfeitorias e de um perfil de psicopata, para um leitor que possua uma biblioteca já há que procurar matérias tão "graves" como eventuais dedicatórias onde palavras como "camarada" e "braço ao alto" se encontram no top da perfídia. Não sei mesmo se este facto não deveria merecer cuidada atenção das forças militares e policiais. Na realidade ambas as utilizam e parecer-me-ia avisado, desde logo, suspender os juramentos de bandeira onde centenas de "fascistas" se juntam para jurar bandeira (ou então voltemos aos tempos do RALIS, dos juramentos de punho cerrado para não ferir as susceptibilidades revolucionárias). Mas caso não saibam a lógica semiológica é exactamente a mesma (afinal cada vez mais me parece que não eram só os antigos PIDES os broncos, os novos seguem-lhes as passadas)*. Se estes novos PIDES do pensamento único entram num desses dias numa unidade militar arriscam-se a catar umas centenas de fascistas em flagrande delito. Pena é que para pessoas, como os Nacionalistas, que sempre defendem as forças da lei a sua imagem surja tão beliscada ao molestarem famílias e tentarem apreender instrumentos tão subversivos como uma "Playstation"... Entre os livros subversivos deste novo Index está espantem-se, ou talvez não, o "Triunfo dos Porcos". talvez não nos devamos admirar pois que ao assistirmos, nos nossos dias, ao triunfo dos porcos natural se torne que a imagem que deles deu Orwell não seja simpática. Mas num mundo de porcos... o resto já sabem. Não se verá a estupidez desta actuação...
4. As Organizações
Todos os portugueses e em particular os da dita "extrema-direita" sabem que são proibidas as organizações que perfilhem a ideologia fascista e as de cariz paramilitar (embora a mim me pareça que tal é, uma vez mais, uma limitação da democracia que só o é se permitir a livre organização de todas as expressões, caso contrário é apenas uma ditadura mais ou menos tolerante...), não quero crer pois que caiam na tolice de as constituir. Mas se as houver que, cumprindo as leis desta "democracia" as mesmas sejam encerradas. Penso, todavia que ainda não é proibido crer ou pensar, mas estou certo que lá chegaremos e que num futuro não muito distante nos implantarão um "chip" normalizador de impulsos...
Dizem outros que haverá organizações secretas por detrás de tudo isto. Se as há que se investiguem. É pública e sabida a minha opinião sobre as mesmas. Sejam elas "maçonarias", opus, nacionalistas ou outras, se o seu propósito fosse claro não teriam que ser secretas, sendo-o é porque terão objectivos inconfessáveis, não será assim? Que sejam investigadas, todas elas, não apenas as nacionalistas.
P.S. Já vai longo o ensaio e corro o risco de vos maçar. Mas aqui deixo estas ideias também para os que nos seguem, igualmente na "blogosfera", algumas questões para que meditem. E continuem a visitar a casa, pode ser que vão aprendendo alguma coisa e que vejam que os da "extrema-direita" afinal pensam e não são um bando de boçais mal-feitores.
* Os romanos incluíam desejo de Paz nas saudações e até mesmo nos cumprimentos quotidianos. Diz-se que o gesto de saudação demão aberta que caracterizou a saudação romana proviria de tempos mais antigos (etruscos?) e visava antes do mais mostrar a boa-fé mostrando-se que não se ocultava arma alguma.
Etiquetas: Actualidade, José Pinto-Coelho, PNR, Repressão
5 Comments:
Sabe que o Humberto é de facto umas das pessoas que eu gostava que liderasse, a sério, o movimento nacionalista ? Só bastava que deixasse essa veia nazi, anti-judaica, e de resto estava bem.
Haverá partido com posição mais clara quanto ao consumo ou tráfico de droga que o PNR? Para a maioria de nós drogados são drogados e não toxicodependentes e isto já diz muito. O PNR é e sempre foi contra o tráfico e o consumo de drogas. O que procuravam então?
Sabe claramente que isto é um disparate, talvez o pnr enquanto partido, mas não aqueles que foram apanhados em flagrante delito no aeroporto da portela e estavam a "comandar" a juventude nacionalista. Certo ? Faça uma pesquisa na internet sobre hammerskins e tráfico de droga, pode ser que fique supreendido ou talvez não. Não tenho dúvidas que houve prisões injustas, mas separe o trigo do joio.
Um forte abraço para si
Esqueci-me de dizer que a minha admiração por si continua a ser alta, mas seria mais alta com uma atitude mais "correcta" e que defendesse o nacionalismo,e não este tipo de gente.
Outro abraço
Caro Pantera,
penso que ficou claro com o que escrevi que não sei, nem quero saber e não nutro qualquer admiração pela organização Hammerskin (gostava mais dos skins do meu tempo de juventude, eram mais transparentes, além do mais nunca gostei do "The Wall" dessa banda comunista chamada Pink Floyd)
Sobre quem milita nos partidos, quantos criminosos muitos dos quais condenados existem nos outros partidos? Sabe? Alguém fala disso?
Não conheço quem estava a comandar a JN e fosse apanhado com droga, seguramente que não se refere ao Emanuel nem à Rita.
Um abraço
Claro amigo Humberto, no entanto o facto de os outros partidos serem isto ou serem aquilo não é justificação para lhes seguirmos os passos.O individuo em causa é o monteiro, e é um facto que ele coordena aquilo.
Tem de perceber que a única maneira do nacionalismo triunfar, é combater sim o sistema, mas ao mesmo tempo demonstrar que nada queremos com este tipo de gente, e não se pode apenas falar por trás, até porque como você costuma dizer "dos fracos não reza a História"
Um abraço e porte-se bem
Também apreenderam livros de Israel Shahak e de Oswald Le Winter, autores judeus que, creio eu, nada terão de "extrema-direita", conheço o Oswald pessoalmente e creio que os elogios que tece ao regime cubano nada terão de "extrema-direita".
Orwell então...
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