16 abril 2007

YOM HASHOAH

Na noite de ontem, Domingo, como seguramente não deixaram escapar os meus atentos, cultos e xenófilos leitores, calhou no calendário judaico a 27 de Nissan, Yom Hashoah - o dia da lembrança do holocausto (já sei que os zelotas quereriam com letra grande...), que os sobreviventes e seus promotores celebraram com pompa digna de Elgar.
Dia forte em mais efemérides. Em 1917, com o resultado que bem conhecemos, Lenine regressava à Rússia depois do exílio na Suiça e em 1945 as tropas americanas "libertavam" Nuremberga.
Acontece que por estes dias os zelosos zelotas não encontrariam melhor motivo do que quase acusar Bryan Ferry (de quem desde sempre, humildemente, me confesso admirador, antes portanto da vertente intervenção) de Nazi. Leram bem sim. Trata-se de Brian Ferry genial compositor, licenciado em Arte pela Universidade de Newcastle, líder dos não menos fabulosos "Roxy Music", esse mesmo.
A peça da acusação foram as declarações ao "Der Welt" onde elogiou os filmes de Leni Riefenstahl, a arquitectura de Albert Speer, o poder de fascínio das paradas militares do regime Nacional-Socialista e afirmando que "os nazis sabiam impor-se e impressionar". E foi o bastante para sobre tão genial músico se instalar a controvérsia, a guerra aberta dos mé(r)dia e o anátema que sobre ele se lançará.
De nada valeu a vinda a terreiro do seu agente, Steven Howard, para explicaro evidente: "entender o comentário como ofensivo é o mesmo que confundir estética e ideologia" e ainda explicando que se pode apoiar a manifestação estético-artística de um determinado período sem apoiar as práticas desse mesmo regime (por exemplo exerce sobre mim um notório fascínio a estética totalitária soviética que está exactamente nos antipodas da minha valoração daquele regime, serei comunista?). Enfim, coisas óbvias para quem de boa fé.
O barão Greville Janner (presidente do Conselho Judaico da Commonwealth e da Fundação Educativa para o Holocausto), político trabalhista que pertence à Irmandade Internacional dos Mágicos (daí, talvez, os seus desacertos...) vociferou de imediato como bom polícia do pensamento único.
Aqui vos deixo a cereja no topo do bolo: "É ofensivo que alguém pense, sequer, em fazer piadas nazis. Riefenstahl foi parte integrante do movimento nazi e os nazis foram assassinos. Quanto às paradas militares, pois, fazem-me vomitar..." Um exemplo de tolerância e de respeito pelos outros no que foi seguido pela comunidade judaica de Londres que qualificou as declarações de "doentias". Enfim o habitual.
Não te preocupes Bryan haverá sempre More than this...

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1 Comments:

Blogger Flávio Gonçalves said...

E baptizou o estúdio dele em Londres com o nome de Führerbunker.

Numa intervenção na Alemanha ia referir isso mas depois parou e referiu "Não posso dizer isto, vocês são alemães..." ;)

quarta-feira, 18 abril, 2007  

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