25 maio 2007

NA MESMA... AINDA DUVIDAM DA GENIALIDADE?

“O irregular e promíscuo funcionamento dos poderes públicos é a causa primeira de todas as outras desordens que assolam o país.

Independentemente do valor dos homens e das suas intenções, os partidos, as facções e os grupos políticos supõem ser, por direito, os representantes da democracia. Exercendo de facto a soberania nacional, simultaneamente conspiram e criam entre si estranhas alianças de que apenas os beneficiários são os seus militantes mais activos.

A Presidência da Republica não tem força nem estabilidade.

O Parlamento oferece constantemente o espectáculo do desacordo, do tumulto, da incapacidade legislativa ou do obstrucionismo, escandalizando o país com o seu procedimento e, a inferior qualidade do seu trabalho.

Aos Ministérios falta coesão, autoridade e uma linha de rumo, não podendo assim governar, mesmo que alguns mais bem intencionados o pretendam fazer.

A Administração pública, incluindo as autarquias, em vez de representar a unidade, a acção progressiva do estado e a vontade popular é um símbolo vivo da falta de colaboração geral, da irregularidade, da desorganização e do despesismo que gera, até nos melhores espíritos o cepticismo, a indiferença e o pessimismo.

Directamente ligada a esta desordem instalada, a desordem financeira e económica agrava a desordem Política, num ciclo vicioso de males nacionais. Ambas as situações somadas conduziram fatalmente à corrupção generalizada que se instalou…”



O que acabaram de ler não foi publicado num qualquer jornal do dia, embora retrate na perfeição a realidade actual do nosso País. O que acabaram de ler, foi escrito em 1936 e como podem verificar manteve a mais completa e adequada actualidade (o que, sem dúvida, é motivo suficiente de meditação).


O autor: António de Oliveira Salazar.
O livro: o mal conhecido Como se levanta um Estado em boa hora agora reeditado (em tempo escrevi um prefácio, para uma edição norte-americana ou canadiana, desta obra a pedido do José Luís Henriques, será que alguma vez viu a luz do dia?).
Conclusão lógica que, sem dificuldade, se poderá extrair deste excerto da obra de Salazar:
Como há quase um século atrás, "democracia" em Portugal parece que é mesmo assim...

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