16 outubro 2007

A ALEMANHA E SEUS FANTASMAS

A notícia sobre Eva Herman veio-me da leitura do blogo do amigo e camarada Vítor e confesso-vos colheu-me de surpresa.

Eva Herman é – ou, melhor, era – umas das mais célebres apresentadoras da televisão pública alemã ARD, das boas, não daquelas show-woman, que fazem carreira graças a um palminho de cara ou idêntica qualidade noutras partes do corpo . É uma jornalista de reconhecida credibilidade no serviço informativo e numa sustentada carreira que podem comprovar aqui. Não, não julguem que se trata de uma camarada nacionalista a quem se pretende conceder protagonismo uma vez que Eva Herman, desenvolvia mesmo um projecto denominado "Em alta voz contra os nazis".

Eva Herman foi recentemente despedida da estação pública alemã, qual Cronos que devora os filhos. A causa directa, o ter referido que algumas políticas do Nacional-Socialismo foram boas para o estatuto da mulher (apesar de na mesma entrevista ao Bild am Soontag ter afirmado que o regime "Teve coisas muito más, por exemplo Hitler"), considerando, nesse domínio o apreço e a valorização da figura da mãe. É, de facto, necessário ser muito mesquinho (tarado, mesmo, ou complexado) para ver nisto uma apologia do nazismo, mas a Alemanha é mesmo assim, complexada e permanentemente numa caça às bruxas... Herman já andava sob a mira do "politicamentecorretês" por causa do seu livro “O princípio de Eva. Por uma nova feminilidade” (Das Eva Prinzip. Für eines neue Weiblichkeit, Starnberg: Pendo Verlag, 2006) no qual denunciava que o trabalho por conta doutrem alienava as mulheres e prejudicava a função de mãe de família e do trabalho doméstico. Nesse dia começou a caça a Eva Herman o "deslize" recente foi o pretexto... pois a sua cabeça há muito que havia sido exigida pela opinião feminista oficial. Um processo triste mas que não trás nada de novo: a nova inquisição actua assim. Não se pode defender a família fora dos cânones da vulgata do "politicamentecorretês".

Também no mês passado, Setembro, o cardeal de Colónia Joachim Meisner se viu envolvido em polémica por levantar outro dos fantasmas dos complexados alemães. Por ocasião da inauguração de um museu, proferiu a impronunciável palavra "degeneração", ao afirmar (cheio de razão no contexto em que o afirmou, acrescento eu) "Quando a cultura não está ligada à veneração do divino, o culto cai no ritualismo e a cultura degenera. Perde o centro", e foi quanto bastou para a condenatio do cardeal de 73 anos. O comentário foi criticado por "intelectuais", imprensa, políticos por todo o país e, claro está, pelo Conselho Central dos judeus alemães (quais guardiões sempre atentos a todos os laivos do "impronunciável", classificando-o como "falso espiritual" e "notório incendiário intelectual", tal é a verve e o topete desta gente [ia mesmo a escrever gentalha mas ainda acabaria nalgum index]) .
O ministro da Cultura da Alemanha, Bernd Neumann, considerou as palavras como "inaceitáveis", a dirigente da oposição ecologista, apelou ao cardeal para que se demitisse. A hipótese de ser obrigado a abandonar o cargo é uma possibilidade...
Parece evidente, face à "arte" que conhecemos que o cardeal apenas evidenciou um facto, sendo as suas palavras oportunisticamente exploradas pelos pseudo-artistas e pseudo-intelectuais alemães (os tais a quem o Nacional-Socialismo adjectivava de "degenerados"). A arte deve ser essencialmente a expressão da sublimação humana e não um qualquer conceito abstrato e de gosto duvidoso. A Arte, como foi entendida durante séculos, deixou de existir, existe, ao invés, muita produção travestida (ai que ainda entro noutro index por homofobia...) de arte, mas que não é mais que resultado de uma moda. Preocuparam-se, descoberta por Meisner a colossal fraude, os "artistas", porque o não são verdadeiramente (lembram-se da história de "O Rei vai nú"?), incomodaram-se por lhes apontarem a fraude. Todavia, ligar essa verdade ao regime Nacional-Socialista pelo facto de o mesmo ter proferido idênticas críticas à "arte contemporânea", é apenas uma tentativa irracional e obcecada de tentar ocultar a realidade.
Não se pode, pois, defender a arte fora dos cânones da vulgata do "politicamentecorretês".
Este episódio, bem como o anterior, reforçam a ideia de que a sociedade alemã ainda é extremamente sensível ao seu passado, após decénios de diabolização e culpabilização sabiamente gerida, ora de chofre, ora a conta gotas, pelos "democráticos" vencedores...
Os fantasmas e as "as vacas sagradas" demasiados. A democracia, essa, uma vã ilusão meramente formal, imperfeita e tão mirífica como qualquer outra utopia. Mas como sempre digo, pior que não ser convictamente democrata é julgar sê-lo quando na realidade se age como ditador, seja do "politicamentecorretês" ou não...

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O objectivo de Hitler para com as mulheres era pouco mais do que donas de casa. A procriação e os afazeres domésticos eram a sua obrigação.

Não vejo positividade nenhuma por parte do nacional-socialismo para com elas.

terça-feira, 16 outubro, 2007  

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