CRISE NA SÉRVIA

Para além de uma quase insignificante manifestação de professores (Sócrates dixit) o fim-de-semana foi agitado pela dissolução do governo liderado pelo primeiro-ministro da Sérvia, Vojislav Kostunica que era partilhado com o partido do presidente Boris Tadic, marcando-se eleições para dia 11 de Maio.

Após crise aberta pela declaração unilateral de “independência” do Kosovo, os entendimentos divergentes sobre a questão “europeia” acabaram por vir à tona. Defende Kostunica, e bem, que o apoio de muitos países dos da UE à independência do Kosovo é incompatível com um determinado modelo de futuro europeu para a Sérvia, Tadic que é igualmente contra independência do Kosovo vê, ingenuamente, esse processo como independente da aproximação de Belgrado a Bruxelas. Na realidade, é sabido como a UE pretendia acelerar o processo de adesão se a Sérvia abdicasse dos seus direitos sobre o Kosovo.

Desmentido a tese do feroz anti-europeismo de Kostunica o mesmo afirmou que “O Governo sérvio já não tem uma política unificada sobre uma questão importante ligada ao futuro do país: o Kosovo. Um Governo como esse não pode funcionar. É o fim do Governo. Todos os partidos sérvios defendem a adesão à UE. A diferença surge quando se coloca a questão: deve a Sérvia entrar na UE com ou sem o Kosovo. O Kosovo é Sérvia, e a Sérvia só pode entrar na UE com o Kosovo”. E esta é que é, evidentemente, a questão essencial.

Não podemos esquecer que a secessão do Kosovo, que foi promovida pelos EUA, o seu braço armado NATO e com o bem comportado aval UE, violou os mais básicos princípios do Direito Internacional (Acta Final de Helsínquia, várias resoluções das Nações Unidas - nomeadamente a 1244 de Junho/1999 do Conselho de Segurança que especificamente consagra o respeito pela integridade territorial e a soberania da Sérvia sobre o Kosovo), uma vez mais o subvertendo numa ofensiva contra a integridade territorial e a soberania dos Estados, normal é, pois, que Kostunica se insurja.

Face à "prostituição europeísta" que campeia espera-se que nas eleições de Maio Kostunica se una aos nacionalistas de Tomislav Nikolic, com os quais partilha uma posição mais digna relativamente ao Kosovo.

Mas como aqui sempre disse: a “coisa” ainda vai dar muito que falar…