O ESTIGMA

Senti ontem, uma vez mais na minha vida, o "cordão sanitário" ou verdadeiro estigma que se abate sobre todos quantos trilham os árduos caminhos do potiticamente não correcto.

Fui convidado para proferir uma conferência no Instituto Superior de Estudos Militares em Pedrouços onde, como sempre fui recebido com aquela cortesia e educação que já só vai sendo possível encontrar na instituição militar. A conferência, sobre História Militar (área da minha especialidade), foi proposta por um bom amigo e camarada, ali Professor, que propôs o meu nome ao Director do Instituto (um educadíssimo e amabilíssimo Vice-Almirante) que me convidou para almoçar na companhia de diversos oficiais generais e superiores. Terminada a conferência, que mereceu rasgados elogios de diversos dos oficiais generais ali presentes e sobretudo, do Professor Adriano Moreira que se dignou assistir o meu amigo segredou-me: "nem sabes o que tive de aturar a alguns destes gajos por seres do PNR e a quem tive que responder se porventura era proibido". Neste pobre país, como se sabe, há muitas portas fechadas, ou pelo menos que só se abrem com muita tenacidade e força onde para outros, fruto de compadrios, tudo são facilidades...

É difícil fazer carreira a quem tem uma militância política "não conforme". Custa-me sempre, mas como o que não nos mata torna-nos mais fortes saio sempre com a sensação que nalgumas coisas devo ser razoável para, apesar do PNR, me convidarem...

Mas lá que há um grande estigma há, muito maior do que para qualquer sidoso...