12 junho 2010

MEMÓRIA

Uma das claras recordações do meu avô paterno é a de que começava a leitura dos diários (na altura ainda divididos entre matutinos e vespertinos) pela página da necrologia. Miúdo, pensava eu que raio de interesse isto terá, como que questionando a prática do meu avô. Não deixa de ser curioso que hoje, quer por influência familiar, quer apenas por estar numa idade onde a necrologia já faz todo o sentido, dou por mim a fazer exactamente a mesma coisa, sendo a primeira página que abro. A idade, infelizmente, leva-nos a encontrar aí os amigos que nos vão deixando.
Hoje fui confrontado com a notícia da morte, no passado dia 6 do Embaixador Dário Moreira de Castro Alves, antigo embaixador do Brasil no nosso país, que fazia o favor de ser meu amigo.
Confesso que, nas múltiplas actividades em véspera do 10 de Junho, não dei por tal notícia que a todos nos deixa mais pobres dada a franca amizade por nós, e nosso país, uma vastíssima cultura lusíada e um apego ao torrão lusitano que, tantas vezes, nos fazia esquecer estarmos perante alguém que fora embaixador em Portugal de um país estrangeiro. Deixa-nos um grande senhor e um dedicado amigo.

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