12 agosto 2010

CONVERSAS

Estive ontem longamente à conversa com o Dr. Manuel Monteiro a quem, por razões profissionais, estou a preparar um livro. Ligam-me ao Manuel sensivelmente a mesma idade, consideração intelectual, alguns anos de passado comum (creio que nos encontrámos pela primeira vez era eu dirigente da Nova Monarquia e ele presidente da Juventude Centrista), uma amizade sincera, bastantes amigos comuns e até o facto de ter casado com uma grande minha amiga e colega de curso. Inevitavelmente falámos de política e do desencantamento com este mundo corrupto de trocas de influências e de políticos sem a dita (ou os ditos...) no sítio.
Desencantado com a política, o Manuel, que às tantas me perguntava "porque não nos terão os nossos pais educado de outra maneira, pois assim não andaríamos angustiados", abandonou a actividade partidária (a sede nacional do seu PND mudou mesmo para a Madeira - parece que se colhem benefícios de uma legislação partidária menos totalitária e mais branda em multas...) e concentra-se na sua vida académica na Lusíada.
Entre muitas memórias lembrámo-nos de um esforçado estudante de direito da Católica, transmontano, um pouco mais velho que nós, e que na altura beneficiando de uma bolsa de estudo, não raras vezes nem dinheiro tinha para tomar uma "bica" e vimos como hoje está multi-milionário. Tendo ambos, eu e o Manuel, trabalhado desde sempre, e constatado que cada vez vivemos com maiores dificuldades, percebemos quão errada foi a educação que nos deram que não nos permite viver neste mundo de "Ali-Babás", tão confortavelmente como eles...
Sim porque eles é que se riem e nós contamos os trocos para sobreviver... com dificuldade.

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7 Comments:

Blogger Voz Nacional said...

Meu caro HNO

Prefiro andar a contar os trocos que mal chegam para o mês, do que compactuar com esta cambada de criminosos. Ao menos posso olhar-me ao espelho todas as manhãs e sentir-me orgulhoso por não fazer parte da dita “nata” portuguesa.

Pobre mas honrado, valores de outros tempos que se perderam para um país cada vez mais degradante.

Rogério Santos

quinta-feira, 12 agosto, 2010  
Blogger Humberto Nuno de Oliveira said...

Claro que sim caro Rogério... mas isto está feito é para os trafulhas.
Abraço

quinta-feira, 12 agosto, 2010  
Blogger José Domingos said...

Prefiro os trocos. O meu país, não tem preço, nem se discute.
Ainda existem portugueses dignos e honrados.

quinta-feira, 12 agosto, 2010  
Blogger Flávio Gonçalves said...

Não compreendo a hostilidade cerrada que muita Direita tem para com Manuel Monteiro.

Quanto a ter sido educado com valores, é uma fatalidade moderna, eu, outrora monteirista dirigente das Gerações Populares acabei como conselheiro nacional da JP do Portas.

Em 2002 cometi a loucura de, a poucos meses do CDS/PP ser governo, abandonar o Conselho Nacional da JP e ir para um certo partido ser militante base a colar cartazes no, actualmente inexistente, núcleo de Lisboa... hoje em dia ainda me cruzo, umas vezes até no Palácio da Independência, outras nalgum restaurante, universidade ou pub, com os meus ex-colegas dirigentes da altura do PP, alguns juradíssimos e fidelíssimos patriotas, nacionalistas e até NS... mas só em casa, e lá conseguiram tachos à vontadinha, eu é que, estupidamente, achei que era "a hora", mas não era, e nunca vai ser com esta gente e mentalidade em que os próprios militantes e activistas dos pequenos partidos na hora H votam PSD ou CDS/PP (já o testemunhei tanto no PPM como no PNR).

Foi o 1º erro fatal, abandonar os órgãos dum partido em vésperas deste ser governo.

O 2ª foi rejeitar um convite para andar de avental...

Lição aprendida. Primeiro carreira, filhos e netos, depois assumir os ideais, mas só privadamente num qualquer clube privadíssimo e à porta fechada, isso é que é ser puro e fiel.

Ah, e o mais importante é esfregar o nosso sucesso de anónimos devotos e puros fascistas empresários, bem tacheados e com grandes vidas nas caras de falhados, como eu e muitos, que o assumimos, em tempos, publicamente.

Depois, ou se aguenta, como o HNO, e se mantém a chama, ou saltamos fora e vamos à nossa vida, enojados com o que se deixou para trás, arrependidos de morte por ter ideias e valores vencidos pelo tempo.

quinta-feira, 12 agosto, 2010  
Blogger harms said...

Que está feito para os trafulhas, é bem verdade. Mas, como foi dito, é preferível contar os trocos, continuar a fazer como diria o Erasmo e comprar livros quando se tem dinheiro em vez de gastar em férias tropicais ou lindos automóveis, e poder dizer aos nossos filhos que não nos vendemos e não compactuamos com pulhices. A propósito disso, recordo sempre uma sábia decisão do meu pai: quando teve a oportunidade de emigrar para a França onde já estavam alguns dos meus tios, preferiu não o fazer e acompanhar a educação dos filhos cá em Portugal. Nunca deixou de ser um empregado de mesa mal pago, mas deixou-nos educação, princípios e valores. E isso vale muito mais que todo o dinheiro que nos pudesse ter deixado, como o Humberto (que é também um dos bons exemplos que ainda se encontram por cá) bem sabe. Saúde!

quinta-feira, 12 agosto, 2010  
Blogger Camilo said...

Lindo post...
Por acaso, sou transmontano, de... Macedo de Cavaleiros.
Conheço, conheço Mogadouro, sim senhor!!!
Mas, o Manelinho Monteiro tem razão.
Fomos educados de outra "maneira".
Ou seja: da maneira MAIS SÉRIA.
Culpa dos nossos pais.
Um Abraço.

sexta-feira, 13 agosto, 2010  
Blogger VETERANO said...

Caro Sr. HNO
Louvando a boas palavras de referência ao Dr. Manuel Monteiro, próprias da nobreza de alma de quem sabe honrar a amizade, venho, apenas, comentar o que me estranhou no postal: o desencantamento com a política e o abandono da actividade partidária do Dr. Manuel Monteiro.
Julgo que o Dr. Manuel Monteiro se deveria, isso sim, sentir desencantado consigo próprio. Foi a sua ziguezagueante condução do PND, os sucessivos erros cometidos, a teimosia de atitudes – de que é excelente exemplo a memorável “Missão Minho” – entre outras decisões – como o convite à saída de nacionalistas após o Conselho de Guimarães – que arrastou o PND para a situação em que, actualmente, se encontra. E, depois, bate com a porta e abandona o barco!
Repito: a política não foi a desilusão. A desilusão foi o Dr. Manuel Monteiro.
Cumprimentos
J Silva Pereira

sexta-feira, 13 agosto, 2010  

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