11 agosto 2010

UM MESTRE DA CONTRA REVOLUÇÃO

Soube nesta casa, que uma vez mais assim presta notável serviço público, que a Almedina editou as Considerações sobre França do insígne mestre da contra-revolução Joseph de Maistre.
A sua filosofia política, caracterizada por um absoluto pesimismo - que assim afrontava na génese um dos pilares revolucionários, a bondade de Rousseau -, parte do pressuposto de que não é possível erradicar a injustiça (De Maistre apresentava como prova mais concludente desta constatação a morte de Jesus Cristo "o justo por excelencia".
Nesta, que é o seu mais importante escrito político, publicada em 1797, apresenta uma leitura alternativa, distante das habituais laudas, da Revolução Francesa, apresentando-a como um acontecimento “radicalmente mau”, quer nas suas causas, que abomina, quer nos seus efeitos perversos já bem claros à data da publicação.
Inimigo declarado da democracia - causadora de desordem social - advogou sempre em favor da monarquia hereditária, único regime político de inspiração divina, que jamais voltou a presenciar na sua terra (expulso da Suíça a mando do directório foi para Turim onde o Rei da Sardenha, fazendo uso da sua inegável craveira, o nomeou ministro plenipotenciário na corte do Czar em São Petersburgo [desta permanência resultou a sua notável obra em 3 volumes, Noites de São Petersburgo, publicados em 1821]).
Advogou, ainda, uma defesa de um cesaro-papismo que atribuia à religião um papel, profética constatação, fulcral: liderar a luta contra a decadência histórica para a qual a humanidade caminha.
Tempo pois de regressar à leitura dos Mestres e honrar a contra-revolução.

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