02 agosto 2010

O HABITUAL INFERNO ESTIVAL...

Entre os muitos infernos estivais que assolam o nosso país (uns endémicos outros, igualmente graves, resultado de infaustas aculturações...), um assume importância especial pelo que de recursos, bens e por vezes vidas representa, ano após ano - os incêndios.
São muitas as razões para que tal ocorra: factores geográfico-naturais, factores económicos, factores de elementar civilidade e sobretudo os resultantes da incúria e irresponsabilidades humana.
Entre os primeiros o calor e aridez de certas áreas do território contribuem, indiscutivelmente, para que tal ocorra com maior frequência do que em outras áreas do território europeu.
Entre os factores económicos, para lá dos interesses madeireiros com que habitualmente nos confrontam, importa referir que desde há longos anos substituímos a nossa floresta tradicional para dar lugar a árvores de crescimento rápido (importadas do outro lado do mundo) mais consentâneas com desejos económicos. Uma floresta tradicional, diversificada e típica de regiões temperadas, deu lugar a uma aberração mediterrânico- enxertada de eucaliptos australianos (introduzidos entre nós a partir de 1830).
A ausência de civilidade é um sério problema entre nós presentemente. No caso da relação com a floresta (o tema aqui em apreço) a generalidade dos portugueses encara a floresta como algo de que pode usufruir sem quaisquer cuidados elementares. Dejectos, lixo, fogueiras e toda a sorte de imundices podem ser encontradas nas florestas o que atesta essa má relação.
Mas é sem dúvida a incúria, desde logo a que décadas após décadas, permitiu que se tranformasse uma floresta temperada e atlântica de Abeto, Aderno-de-folhas-largas, Amieiro, Azevinho, Azinheira, Bordo ou Plátano-bastardo, Carrasco, Carvalho-cerquinho, Carvalho-negral
Carvalho-roble ou Carvalho-alvarinho, Catapereiro, Cerejeira-brava, Choupo-branco ou Faia-branca, Choupo-cinzento, Choupo-negro, Choupo-tremedor ou Faia-preta, Freixo, Lentisco-verdadeiro ou aroeira, Lódão-bastardo, Loureiro, Medronheiro, Olmo, Palmeira-das-vassouras, Pinheiro-manso, Salgueiro-branco, Salgueiro-frágil ou vimeiro, Sanguinho das sebes ou Aderno-bastardo, Sobreiro, Teixo, Tramazeira, Sorveira, Ulmeiro ou Negrilho, Vidoeiro ou Bidoeiro, Zambujeiro, Zimbro, num barril de pólvora, vagamente mediterrânico, com um cultivo quase exclusivo de pinheiro e esucalipto cujos resultados estão à vista, sem que se veja uma política florestal capaz de a inverter...

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