O FILHO DA P***
Como sabem os meus leitores mais antigos, gosto de teatro, integrei, até, na juventude uma companhia da minha terra - o “Fatias de Cá” -, onde interpretei, algumas peças de autores “de esquerda”, como Lorca. Nada me move, pois, contra o teatro (antes pelo contrário) nem contra os seus autores. Mas no teatro, como aliás em tudo na vida, há bom e mau e, na realidade, o “maldito” autor francês Jean Genet, pertence ao segundo género. Confesso que o teatro do absurdo, de tão avant-guarde só me deixa ver o seu lado grotesco e quase selvagem que, não aprecio e do qual o autor é figura de proa.
Do autor “pouco” há a dizer, filho de uma prostituta, cedo se tornou um criminoso fora-da-lei. Abandonado pela mãe, pobre, mendigo, desertor, preso, prostituto, homossexual trilhou com agrado os caminhos de uma marginalidade militante marcada por um ódio profundo que nos transmite na sua mutação de delinquente para escritor. Indivíduo ressentido, desenraizado de toda e qualquer forma de sociedade movimentou-se num campo completamente amoral e contra os homens. Coleccionou delitos contra a sociedade, assumindo a necessidade, quase compulsiva, de fazer mal aos outros.
Este “incompreendido” foi naturalmente apadrinhado por vultos como Cocteau, Picasso e Jean-Paul Sartre, que entre outros, livraram, em 1949, de uma certa condenação a prisão perpétua e que o promoveram junto da intelectualidade granjeando-lhe a fama de génio maldito.
Sobre a peça agora em cena esclareceu o próprio, como já lembrou Victor Abreu, que não era uma peça "a favor dos negros, mas sim contra os brancos". Na realidade, da mesma transparece uma militante asserção da identidade/superioridade negra de que decorre uma “natural” violência anti-branca, facto que aliás lhe abriria as portas para uma intensa e profunda colaboração
Na peça um bando de negros executa o assassinato ritual de um branco perante um júri de negros mascarados de brancos que assim desempenham o papel dos seus opressores… A vítima transforma-se, no fundo, em responsável do crime convidando à reflexão as nossas consciências brancas… A moral, se a há, a de que África possui sobre nós a capacidade
Pouco importa pois que nesta primeira incursão do TNSJ na obra teatral de Jean Genet, o encenador, Rogério de Carvalho, recuse “qualquer tipo de aprisionamento sociopolítico da peça (não, não é uma “reflexão” sobre o racismo ou o colonialismo)” pois é, essa, na verdade e no dizer do autor a sua função: não a favor dos negros, mas sim contra os brancos.
Imaginem só se um décimo do contrário seria possível… No mínimo cairia o Carmo e a Trindade. É esta a triste realidade deste mundo do politicamente correcto onde as leis, e sua interpretação, têm cor.
Etiquetas: Racismo, SOS Racismo, Teatro
2 Comments:
A chamada sociedade civil, demitiu-se há muito das Causas. O que se passa no Teatro de São João, não lhe interessa.
O importante é “dormir descansado”.
Mais do que a natureza das coisas, a decadência de uma Civilização.
Macacadas.Sinceramente, acho que nem vale a pena perder tempo com isto...
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