AOS LUSOS WAGNERIANOS
Já aqui deixei nos últimos dias alguns comentários à estreia de Die Walküre no nosso Teatro Nacional de São Carlos. Tenho o privilégio de contar, entre os leitores desta casa, com um considerável número dos mais dedicados, sabedores, atentos e indefectíveis wagnerianos do País. Dos seus comentários aqui registados ficou a certeza de que me acompanhavam na justa indignação do que presenciei em São Carlos. Ora leiam lá, se porventura o não fizeram na edição do "Diário de Notícias" de ontem, a crítica de Bernardo Mariano intitulada "Duelos de dominadores e dominados":
"Ópera é vida, mas é também teatro. Talvez por isso, numa ópera tão densa, trágica e sombria como A Valquíria, Graham Vick aproveitou cada nesga que a partitura permite para "fantasiar": é assim que no Prelúdio do I Acto se mostra, em analepse, a boda de Sieglinde e Hunding (e aparição de Wotan...); que o dueto de amor (Sieglinde/Siegmund) faz surgir muitos "parzinhos" nos camarotes; que o início do II Acto faz de Fricka alvo da chacota dos seus súbditos; que, por fim, o início do III Acto faz surgir oito "estilosas" vamps que transformam apoplécticos desfalecidos em mortos vivos escleróticos. E de "diversão", fica-se por aqui. (...)
Sobriedade, repetimos, que no centro está o drama, o texto, os personagens, os longos diálogos. E é só na relação com estes dados que se descobre Vick, o eloquente: a mensagem poético-musical é por ele traduzida numa profusão de detalhes de caracterização, de relação com os adereços, de movimentação, Vick à mercê dos interpretes? Sim, decisivamente. Mas as qualidades destes decidiram da sorte da sua visão".
E dizem isto satisfeitos... será que vimos a mesma Ópera? Não, como bem sabemos o problema é outro...
Etiquetas: Die Walküre, Ópera, Wagner
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