26 junho 2007

NOS TEMPOS DO "FASCISMO"...

Foi, seguramente, nos tempos do "fascismo" que dei os primeiros passos no mundo do modelismo. Inicialmente, como é próprio, muito trapalhão e sem produzir nada digno de registo. Depois, aprimorando a técnica e conseguindo produzir alguns modelos e mesmo dioramas (recordo um, que ainda conservo, com o qual entrei num concurso de modelistas) com alguma graça e qualidade. Houve uma época em que os rapazes ligavam muito a estas coisas e a fantástica "Quitécnica" (ali mesmo no meu bairro...) e umas idas a Londres com abastecimento de "Airfix" completavam o cenário. Um bom exercício, para a destreza manual, para a concentração, para além do estudo que tal actividade pressupõe para se fazer algo de minimamente conseguido. Enfim, hábitos salutares que ainda hoje, muito aqui e além, quando consigo um tempinho sempre tento retomar e sempre com o mesmo efeito tranquilizador. Os temas continuam os de sempre: figuras, carros de combate e aviões da 2ª Grande Guerra.
Ocorre-me esta conversa sobre este "hobby", que entediará muitos dos estimados leitores, devido ao título que dei a este postal. É que naqueles "tenebrosos tempos", de ausência de qualquer liberdade de expressão os modelos que se vendiam reproduziam fielmente os originais, independentemente das conotações políticas associadas. Os aviões da União Soviética (ou de qualquer outro membro do então denominado "Pacto de Varsóvia") vinham com a simbologia própria (é verdade, nenhuma PIDE os retirava ou mandava retirar...) bem como, naturalmente, os da Alemanha Nacional-Socialista que traziam a imprescindível suástica da cauda.
Actualmente, neste mundo de amplas liberdades, como saberão, tal símbolo foi banido por imposições sobre as principais empresas de produtores de modelos... o que significa que é impossível montar um modelo fiel ao original; como poderão verificar pelo modelo de Focke Wulf 190 que ilustra este escrito. Aí o podem ver em três versões: a amputada e "políticamente correcta", a censurada, com o símbolo "maldito" borrado por um quadrado negro e finalmente o modelo "normal" representando o original (mas impossível de conseguir pelos modelistas mais distraídos, ou inexperientes, que são preservados de contacto com tão maligna simbologia, ai se o ridículo matasse...). A verdade é que para contrariar tão idiota proibição e para bem da verdade do miniaturismo empresas houve (em países que não embarcam nestas proibições imbecís e miopes) que, como podem ver, se dedicaram a produzi-las, e, vá-se lá perceber porquê, são das que mais vendem. É todavia um duplo gasto que não era necessário no tempo do "fascismo", mas como é bom respirar esta época de amplas liberdades...

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Este seu post relembrou-me tempos em que contruia os meus modelos, aviões, blindados, etc...
Sim em verdade naqueles tempos de "trevas" não existia essa coisa que os democratas consideram hoje uma afirmação soberana das liberdades do 25A. Por outras palavras CENSURA (mas democrática, pois então). Não há paciência para os aturar e aos seus tiques antifaxistas.

quarta-feira, 27 junho, 2007  

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