23 junho 2007

REVISITANDO A ANTROPOLOGIA 5

Na realidade a constatação das diferenças genéticas, que podem ir de um insignificante 0,1% até aos 8% (nos casos de sub espécies mais afastadas), podem ter duas leituras claramente distintas. Uma proclama que tais diferenças, percentualmente pouco importantes, não possuem significado, argumentando que as distâncias genéticas aumentam de modo contínuo sendo as suas definições arbitrárias. Segundo os defensores deste modelo a tentativa de impor uma classificação por “raças” seria a imposição de uma descontinuidade artificial num fenómeno contínuo e normal. Porém, outros cientistas entram em discordância com tais postulados afirmando que a afirmação do primado da ausência de significado da noção de raça deriva, antes do mais, de motivações políticas e que as diferenças genéticas são, efectivamente, significativas (estudos como o da propensão para a aquisição ou rejeição de determinadas doenças têm sido desenvolvidas neste domínio). Não se vislumbra, pois, que a questão seja isenta de paixão nem dos tais apriorismos que inquinam tais discussões. Mas a verdade é que desde Carolus Linnaeus que se definiu o conceito de raças para os humanos como por ele também foram classificados muitos outros animais.

Todavia, tal constatação nada tem a ver com o que se pretendeu denominar etnocentrismo como a crença de que determinado grupo étnico ou sub espécie detivesse maior importância ou superioridade relativamente aos demais. Claude Lévi-Strauss utilizou tal conceito para definir racismo como a crença de que uma dada raça (é essa a expressão do antropólogo) é biologicamente superior às demais detendo sobre elas uma qualquer vantagem. A busca de genes, cromossomas ou DNA “superiores” determinou buscas genéticas nesse sentido. Não se procuram, aqui, superioridades ou inferioridades na espécie humana apenas, e só, a constatação das diversidades existentes e do direito, como nos demais animais, à preservação das mesmas.
(continua)

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