06 julho 2007

QUANDO A CHINA DESPERTOU...

Em 1816 Napoleão Bonaparte proferia uma célebre frase que, na época, quase só exclusivamente o seu génio vislumbrava: “Quando a China despertar, o mundo tremerá” (“Quand la Chine s'éveillera le Monde tremblera”). Foi preciso mais de um século para que, trazida para a capa de um livro de Alain Peyrefitte (1973) que veio a ser um "best seller", a mesma ficasse conhecida.

A nossa época é contemporânea, como vamos constatando, desse acordar preconizado pelo genial Bonaparte e, como vaticinado, o mundo treme, efectivamente. Aquilo que em 1973 alguns ainda pensavam ser um eventual exercício de futurologia tornou-se uma realidade do quotidiano com reflexos que analisamos no nosso dia-a-dia. A invasão chinesa está aí bem à frente dos olhos que não teimem em ignorá-la.
Ávida, de carteira abastada e com capacidade demográfica a China vai, paulatinamente, tomando conta de mercados, de países... do mundo.
Eis que parece ter chegado a hora do Benfica se ter tornado - como maior marca portuguesa que indiscutivelmente é - alvo dos investimentos do Império do Meio. O conhecido empresário de sucesso maideirense, Joe Berardo (que relembro lançou recentemente uma OPA para garantir o controle do clube), comentando o interesse dos chineses, sublinhou que o Benfica "nunca deveria ser vendido" a investidores estrangeiros por ser uma marca "muito forte" em Portugal, parecendo-lhe igualmente ser necessário esclarecer os contornos das intenções dos investidores estrangeiros. No geral concordamos com o Senhor Berardo, o problema, como ele bem sabe, é que, tal como para ele tais "marcas" são passíveis de serem vendidas e compradas, são-no igualmente para outros. Ou as "vantagens" da globalização e das leis de mercado apenas se devem manter quando benéficas, optando-se por um rigoroso proteccionismo quando se verifica o inverso?
De qualquer modo que o Benfica continue a ser o Benfica é o que se deseja.

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