31 março 2009

HEDONISMO, HIV, PRESERVATIVO E DISPARATES

Vivemos num mundo absolutamente hedonista, profundamente materialista e onde a ditadura dos direitos se opõe em absoluto ao culto dos deveres. Fatalidade dos tempos, dirão alguns. Procura desenfreada de prazeres materiais ou carnais, direi eu. Neste tempo em que a busca da "felicidade" se tornou uma obrigação, um direito absoluto, estranham-se as declarações (iniciadas com a visita papal a África), da igreja católica sobre o HIV e o preservativo.
Não sou, como sabem os meus leitores habituais, crente; tão pouco me considero uma pessoa dogmática e sobretudo nenhuma das "condicionantes" anteriores me impede de analisar as coisas com objectividade.
Já escrevi que, não tendo sido bafejado pela graça da fé (que deve ser um dom bem reconfortante para os crentes verdadeiros, que os há poucos, acrescento eu...), me parece, porém, que não deve ser a igreja a abastardar-se para chegar às gentes mas que devem ser estas que, pelo seu comportamento ético e de excelência, se devem aproximar da igreja que deve continuar a ser o que é. Sou, como facilmente podem constatar, pouco dado a "modernizações" institucionais e sobretudo destinadas a cativar seguidores. Ser católico (a sério, entenda-se) é muito difícil por isso a questão é simples: pretende-se uma igreja católica e séria ou uma sua caricatura? Creio que é um debate que, mesmo no seio da igreja, importaria fazer. Deve a igreja mudar, abdicando em aspectos essenciais, para manter o estatuto de grande religião. Uma vez mais, a massa deve sobrepôr-se à essência, ou o contrário?
É por aqui que, parece-me, deve começar a abordagem ou alguém tem dúvida que a questão sexual (a cavalo de várias doenças: HIV, HPV ou outras mais comuns no passado) é sobretudo comportamental? É o preservativo que a resolverá? Claro que não, todos o sabem, o sagrado direito à fornicação (abundante, variada e cada vez mais precoce) é contraditório com quaisquer prevenções mas falar disso é abolir um dos pilares da ditadura dos direitos.
Deve alguém infectado infectar alguém? A resposta e o bom-senso se encarregariam disso se não vivessemos nestas sociedades... Mas uma vez mais não será o preservativo a panaceia para tal. Mas é sempre mais fácil acusar a igreja e promover o facilitismo e o culto do hedonismo. Sinais de tempos em que a sífilis foi substituída por males maiores...

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3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Parabéns por este excelente texto, com o qual - também eu, não crente - me identifico plenamente.

quinta-feira, 02 abril, 2009  
Blogger Humberto Nuno de Oliveira said...

Obrigado.
Um abraço sincero!

quinta-feira, 02 abril, 2009  
Blogger Abrantes said...

Ainda não tinha lido esta peça.
Parabens pela mensagem.
Contudo, só à Igreja Católica compete definir os seus parâmetros e cabe a todos os Católicos a sua contribuição para esse fim.
No entanto, e na minha linha de pensamento, entendo que a contribuição dos não-católicos também é importante.
Jesus amou todos os "homens", independentemente de o seguirem ou não.
È esse ensinamento que Jesus nos legou.
Aprendamos com ELE.
Manuel Abrantes

sexta-feira, 10 abril, 2009  

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