19 maio 2009

À DIREITA

Confrade "blogosférico" que muito prezo, homem inteligente e culto, amigo de amigos comuns mas que não tenho o prazer de conhecer pessoalmente, manifestou a sua estranheza de, num país que classifica de coxo, ninguém (partidos entenda-se) se assumir de direita.

Não deixa de ser verdade, é certo, mas igualmente não deixa de ser irrelevante, na minha opinião. Esta noção de esquerda e direita deve a sua origem, como bem sabe o João Marchante, mas não saberão alguns dos prezados leitores, ao facto de nos famosos Estados Gerais (de Maio de 1789), os nobres monárquicos e o clero, que apoiavam o Antigo Regime, tomarem o lugar à direita do rei. Daí nascendo esta meramente espacial classificação, sempre relativa, e conjuntural. Aliás, seria logo no decurso do próprio conturbado processo revolucionário francês, que os revolucionários "girondinos", inicialmente de "esquerda", passaram a ser considerados de "direita" por oposição aos mais radicais "jacobinos". A "coisa" começou, pois, por ser uma mera localização numa assembleia...

E assim foi evoluindo, verdadeiramente mais acarinhada pela "esquerda", sem grande substância nem conteúdo. Na realidade, no decurso implacável do tempo, as noções de direita e esquerda foram-se progressivamente relativizando até se tornarem adequadas, no meu entender, a dois aspectos fundamentais:

- permitirem uma oposição/comparação ideológica;

- servirem o ponto de vista de quem as emprega.

Relativas e conjunturais foram sempre questionáveis e, tendencialmente, vazias. Hoje creio que se encontram destituídas de valor e, numa análise mais atenta, completamente prostituídas e gastas. Longe vão os tempos das ideias, de um Le Maistre, um De Bonald ou um Maurras que pouco se interessavam, no eregir de doutrinas, da sua catalogação. A mais das vezes, situavam-se num mero plano "contra-revolucionário" por oposição às ideias herdeiras de 1789.

Actualmente a política do sistema está moribunda e com ela a "direita". Destituída na maior parte das vezes de ideiais. De que me vale apregoar ser de direita num país onde o social-democrata PSD é considerado de "direita"? Revolta-se na tumba Bernstein e o seu mestre Engels, ou será que a social-democracia é apenas uma fachada? É que, de "direita" social-democracia" não pode ser...

E, em boa verdade sendo a democracia-cristã, e mesmo o liberalismo, ditos de "direita" não sou seguramente desses... Muito menos conservador.

Os rótulos são sempre difíceis em quem gosta de pensar por si, não adoptando cartilhas, a verdade é que, Nacionalista-Revolucionário não me parece mal. E apenas Nacionalista muito menos. Agora Vas. Exas. coloquem lá isso onde quiserem que para mim me dá igual...

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2 Comments:

Blogger Humberto Nuno de Oliveira said...

Um abraço Filipe e obrigado.
Sou como sempre me conheceu, estou velho para mudar e acredito que podemos, se quisermos.

quarta-feira, 20 maio, 2009  
Blogger Nuno Castelo-Branco said...

Claro...!

quinta-feira, 21 maio, 2009  

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