A concentração de protesto que o partido nacional Renovador levou a cabo ontem na Praia do Tamariz (Estoril), erradamente denominada (por exemplo no "Correio da Manhã") manifestação pelos órgãos de comunicação social, foi apressadamente (nomeadamente na capa do "CM" de hoje) rotulada como um fracasso.
Estiveram presentes algumas dezenas de apoiantes e algumas apreciações se impõe.
- Houve apoio e solidariedade de Portugueses que se sentem cada vez mais inseguros na sua terra;
- Houve ofensas por parte de quantos, sendo o PNR um partido inequivocamente pró-ordem, nos sentem como uma ameaça á podridão que alastra em Portugal;
- Houve um desmesurado aparato policial pois, como habitualmente, os mandantes políticos da Polícia parecem ter no PNR, que não nos criminosos, a sua princpal preocupação;
- Sentiu-se inequivocamente o medo e o receio de assumir publicamente o apoio à iniciativa do PNR quando baixinho, isoladamente ou em surdina o faziam;
- Constatou-se a imposição de um "apartheid conformado" (expressão que com a devida vénia se retira da notícia de hoje do "Diário de Notícias") . Reproduz-se, aliás, com a devida vénia o artigo de Valentina Marcelina, insuspeita, ao contrário de mim, daqueles adjectivos com os quais frequentemente me mimoseiam:
A fronteira não se vê. Mas ela está lá, bem definida, na areia da praia do Tamariz, no Estoril. É uma espécie de linha de apartheid que separa. Para um lado, brancos, turistas e portugueses. Para o outro, negros, certamente portugueses, a maior parte. Visto do paredão, do lado de cá do areal, é esta a paisagem assustadoramente definida que se observa. "Já é assim há muito tempo, já todos sabem para que lado devem ir", atira com um encolher de ombros o empregado de uma das esplanadas.
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Mas para Michael e Julia, turistas alemães, de 21 e 23 anos, é "chocante" a imagem. "Nunca tínhamos visto nada assim noutros países da Europa onde passamos férias", afirmam. Michael e Julia desconheciam os distúrbios do fim-de-semana passado (...) e mostram-se surpreendidos com o aparato policial bem visível.
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"Não estamos aqui para provocar", garantia Pinto Coelho, "só viemos demonstrar que não é aceitável que as pessoas deixem de vir às praias por se sentirem inseguras, que deixem de andar nos transportes públicos porque são assaltadas". Do lado de baixo, no areal, ouviram-se alguns insultos, que não passaram despercebidos aos nacionalistas. "É mesmo contra a escumalha que nos insulta que estamos aqui a protestar", dizia um dos apoiantes do PNR.
Poucas eram as pessoas que se aproximavam do grupo, mas alguns chegavam mais perto para ouvir Pinto Coelho, chegando a apertar-lhe a mão e a dar-lhe palmadinhas nas costas. "Assim é que se fala, é preciso ter coragem para dizer as verdades", acenava efusivamente com a cabeça Carlos Osório, 54 anos. "Venho a esta praia desde miúdo e cada vez está pior. A polícia só vem para cá quando aparece alguma coisa na televisão, porque assaltos há todos os dias, nas lojas, na praia, nos comboios", afiança.
Nas esplanadas ninguém está indiferente ao "passeio" nacionalista, seguem-no atentamente com o olhar, mas quase ninguém quer prestar declarações. Pinto Coelho continua a pregar contra o "paraíso dos criminosos" que impera em Portugal e também em defesa dos "polícias, agredidos todos os dias".
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Ele [turista grego], confessa, está "assustado, um pouco", desde há uma semana. "Nunca tínhamos visto uma cena daquelas, não sei como não ficou mais gente ferida", recorda. Já se habituou também a ver a "linha invisível" que separa os banhistas no areal. "Quanto menos misturas melhor, só dão confusão", diz, naturalmente, fazendo da segregação lei no Tamariz. Tudo somado razões de sobra para a concentração do PNR e a certeza de que muitos dos que concordam sentem, efectivamente, medo e temor de o expressar.
Etiquetas: Criminalidade, Diário de Notícias, PNR
1 Comments:
Enquanto a metade branca da praia continuar a votar PS, PSD e etc... pouco pode ser mudado.
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