28 janeiro 2013

UM POUCO DE HISTÓRIA PARA REBATER DOGMAS...


Ou sobre as falsificações em torno do protocolo da Conferência de Wannsee.

“O público repete sempre, aqui e além a história insensata de que o extermínio dos judeus tenha sido decidido em Wannsee”, Yehuda Bauer (i)

O que foi o protocolo de Wannsee, qual o seu conteúdo e quem o leu? A resposta a esta tripla questão é, comummente: o extermínio dos judeus europeus e as necessárias medidas para isso. Resposta fundada no que vulgarmente se afirma sem se ler o documento.

Na realidade o mesmo trata das dificuldades de definição do que se deveria entender sobre “meio-judeu” e um “quarto-judeu” resultantes de casamentos mistos e sobre o número de judeus dentro dos territórios do império alemão. Relatando, de modo detalhado, as medidas levadas a cabo para promover a emigração dos judeus em território alemão e que, deste pressuposto se passaria – face à impossibilidade de todos eles emigrarem (a emigração havia sido paga por organizações judaicas) – à sua deportação para leste:

“III. A emigração será agora substituída pela evacuação dos Judeus para Leste, como uma solução adicional possível, com a apropriada anterior autorização do Fuehrer.
Todavia, esta operação deve ser considerada apenas como uma opção provisória, que fornece já uma experiência prática de grande significado tendo em vista a solução final da questão Judaica.
No decurso desta solução final da questão Judiaca Europeia devem ser tidos em consideração aproximadamente 11 milhões de judeus” (ii)

Relata pois as medidas levadas a cabo até então e as medidas para o futuro sugerindo-se que os mesmos deveriam ser empregues na construção das vias de comunicação onde, por causas naturais muitos pereceriam:
 “Sob a direcção apropriada os Judeus deverão ser utilizados como força-de-trabalho no Leste de modo expedito no âmbito da solução final. Em grande colunas (de trabalho), com os sexos separados, os Judeus capazes de trabalhar serão movidos para essas áreas para a construção de estradas, processo no decurso do qual uma grande proporção seguramente tombará devido a causas naturais. Os remanescentes requererão tratamento apropriado; porque representarão, sem dúvida, o parte mais resistente [fisicamente], consistindo na selecção natural que poderá, ser o embrião de um novo renascimento Judaico (testemunhe-se a experiência da história)". (iii)

No Protocolo, não se nega que, devido a causas naturais muitos judeus morrerão, mas em nenhum lado, em nenhuma palavra se refere a noção de campo de extermínio ou os meios para o seu extermínio sistemático. Razão pela qual já em 1982, o professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, Yehuda Bauer, proferiu as palavras já aqui citadas.

E não obstante críticas insuspeitas surgidas, como por exemplo as afirmações do professor de história Eberhardt Jäckel (de insuspeitas tendências esquerdistas) ao jornal Frankfurter Allgemeine (iv) , em que claramente expôs que na referida conferência nada foi decidido, pois a decisão – do extermínio – já havia sido tomada anteriormente (v). Ainda assim, as dúvidas legítimas deste professor crente no extermínio, quanto ao papel da Conferência de Wannsee de nada valeram e a história da “Solução Final da Questão Judaica” aí ter sido decidida prevaleceu. Já para não falar das próprias dúvidas quanto à autenticidade do documento (vi) que, por serem levantadas por um instituto não seguidor das correntes oficiais não nos atrevemos a arrolar.

Mas também, entre os historiadores não constantes do moderno “índex” as dúvidas começam a surgir. Lembraremos o insuspeito Ernest Nolte (historiador vencedor do Prémio Adenhauer)(vii) ou o professor Werner Maser (biografo de Hitler que trabalhou para o governo da RFA) (viii) que considerou como falsificação pelo menos uma cópia da adenda do protocolo .

Independentemente destas interessantes discussões não há no referido Protocolo qualquer plano ou ordem de execução de um assassinato em massa sistemático, ou seja, sem uma interpretação muito extensiva, para não dizer imaginativa, a tese do extermínio não se deixa provar com este documento.

Entendamo-nos, já o afirmámos diversas vezes, faltam-nos bases profundas para podermos abraçar, com seriedade e conhecimento documental, o estudo desta questão não podendo, pois, provar se o holocausto não existiu. O que podemos afirmar, da leitura deste protocolo é que o holocausto e o extermínio lá não se encontram (embora a fantasia na interpretação hermenêutica seja sempre possível), lamentando-se que, por parte de quantos querem ver uma história mantida por leis penais e impedem a livre heurística, se continue a divulgar uma fantasia, para não dizer falsidade…
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i “The public still repeats, time after time, the silly story that at Wannsee the extermination of the Jews was arrived at”, The Canadian Jewish News, 20.1.1982, p. 8.
ii Tradução nossa da versão inglesa existente no Yad Vashem, acessível em: http://www1.yadvashem.org/yv/en/holocaust/about/04/wannsee_conference.asp?WT.mc_id=wiki.
iii Ibidem.
iv “Zweck der Wannseekonferenz umstritten”, Frankfurter Allgemeine Zeitung, 22.6.1992, p. 34
v Embora não esclareça por decisão de quem, quando ou onde…
vi Na realidade em 1987 foi publicado pelo Zeitgeschichtliche Forschungsstelle (o Centro de Pesquisas de História Contemporânea, em Ingolstadt, um trabalho detalhado da autoria de Hans Wahls, que levanta dúvidas substanciais sobre a autenticidade dos Protocolos. Zur Authentizität des “Wannsee-Protokolls”, Publicação do Centro de Pesquisa para História Contemporânea, Inglostadt, volume 10, 1987.
vii Der Europäische Bürgerkrieg 1917-1945, Ullstein, Frankfurt am Main / Berlin 1987, p. 592.
viii Fälschung, Dichtung und Wahrheit über Hitler und Stalin, Olzog, Munique 2004, pág. 317 e ss.

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