06 dezembro 2006

DIZ-SE

Aqui, e eu acredito plenamente, que o nome do Professor Salazar terá sido o mais votado naquele concurso que tanta polémica levantou (e ao que parece ainda vai levantar...) promovido pela RTP.
A verdade é que face ao descalabro as evidências se impõe e a tal "democracia", por muito que queiram alguns, está longe de ser o valor supremo. O nosso saudoso Rodrigo considerava-a, mesmo, contrária à inteligência.
Ao falar de Salazar lembro-me sempre dos meus avós paternos, uma casa onde se viviam sobre ele sentimentos antagónicos. A minha avó Hilda tinha por ele uma devoção quase religiosa e preservava, como se de relíquias sagradas se tratassem, os cartões que o Presidente do Conselho lhe endreçava agradecendo as suas missivas de Natal e aniversário (é verdade o famigerado Presidente do Conselho repondia pelo seu punho a quem lhe escrevia). Já o meu avô Mário, daqueles republicanos (então ditos do "reviralho") de longa data (ele próprio filho de um republicano, amigo pessoal de António José de Almeida, e que exerceu elevadas funções - será que se diz assim (?) - na maçonaria) tinha, relativamente ao estadista, uma posição contrária. Não advogava o autoritarismo e crente nos benefícios da tal democracia (que não lograra provar o seu valor, porém, na república que tanto admirava) reprovava-lhe os métodos. Era um opositor, mas intelectual e sem se meter nas aventuras esquerdistas do ante 25A. Vigiado mas não incomodado, como acontecia a quem assim se comportava.
Pouco tempo viveu para além do 25A com que seguramente sonhou - e que significaria o fim da ditadura que tanto criticava. A morte roubou-o ao nosso convívio apenas 4 anos depois (1978) da data do rebentamento do cano de esgoto, mas o suficiente para que o meu avô, homem sério, probo e de formação excepcional, se houvesse já transformado num salazarista.