05 junho 2007

AINDA O 10 DE JUNHO

Sabendo que muitos dos meus estimados leitores não possuem o bom hábito de adquirir "O Diabo" à Terça-feira, aqui vos deixo a minha contribuição de hoje sobre o 10 de Junho (que saiu sem o último parágrafo).
1. Qual é, na sua opinião, o significado das comemorações do 10 de Junho — dia de Portugal, Camões e Comunidades — para os portugueses?

Portugal não escolheu, como outros países, para celebrar a Pátria um qualquer feito de armas, um tradicional herói ou uma data ligada à afirmação da nacionalidade. Escolheu alternativamente a presumível data da morte do nosso maior poeta – Luís de Camões. Na realidade, ninguém como ele representa a nossa história e cultura, a gesta dos Descobrimentos, a grandeza de Portugal. Assegura, assim, plenamente uma concepção ideológica e política da nossa Pátria e sua História.
Por isso a democracia quase ignora Camões e desvaloriza a sua obra maior – Os Lusíadas, propondo o seu progressivo abandono nos programas liceais ou tornando menor o que nela é verdadeiramente importante.
Por isso Portugal e Camões são tão maltratados nas comemorações oficiais e quase apenas se valorizam as Comunidades Portuguesas. Importantes, sem dúvida, mas Portugal é mais, muito mais, que elas. Há assim estas comemorações e a outra. Aquela dos que abdicaram das migalhas que a partidocracia colocou à disposição daqueles que se contentam com o rebotalho de valores e vagueiam na miséria do espectro de degradação, desordem, corrupção e vilania que este regime trouxe ao nosso país. Independentemente dessas outras comemoração as que importam são as dos que sentem o dever de fidelidade à Pátria, como amor verdadeiro, dos que nunca esquecerão que devemos à Pátria inabalável lealdade e dedicação.


2. É a ocasião mais propícia para Portugal reflectir sobre o presente e projectar o futuro?

Todos os momentos são, para aqueles que prezam a continuidade da Pátria, propícios para uma reflexão, constante e séria, sobre o presente (não esquecendo o passado que o sustenta) de modo a podermos projectar o futuro da Nação. Como sempre gosto de lembrar também no século XIV e XV éramos uma pequena Nação com vizinhos bem mais poderosos e desenvolvidos do que nós, mas soubemos ter ousadia, vontade colectiva e lideres capazes de pensarem um futuro para o País.

3. Somos um País pobre, a divergir da Europa, onde a confiança e o clima económico teimam em não aparecer. Podem, a nossa soberania e independência nacionais estar, de alguma forma, ameaçadas?

Penso, de algum modo, já ter respondido parcialmente a esta questão no final da resposta à anterior. Exceptuando um curto período da nossa História nunca fomos um país rico, nunca dispusemos de massa crítica que nos permitisse ir além das imposições que as leis da demografia nos impunham, mas, mesmo assim, logramos, antes do mais porque ousamos, ser grandes. Há sinais de risco e perigo. As “elites” políticas venderam-se e, não em poucos casos, hipotecaram parte importante da soberania nacional. Todavia, quero crer no futuro e na nossa gente que há-de, como noutras épocas de crise da nossa História, erguer o sagrado facho da Independência. Quero crer na nossa juventude que aparenta andar narcotizada, mas a verdade é que também já Hesíodo setecentos anos antes de Cristo dizia: "Não tenho mais nenhuma esperança no futuro do nosso país se a juventude de hoje tomar o poder amanhã, porque esta juventude é insuportável, desenfreada, simplesmente horrível." e, manifestamente, a História provou o seu engano!

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