01 junho 2007

UM LIVRO IMPORTANTE

São vários na nossa história os personagens que são abatidos por conveniências de interesses ou intentos de grupos mais ou menos secretos. Uma dessas personagens é a Rainha D. Maria I. É de saudar, pois, o recente lançamento (obra que ainda não adquiri) de D. Maria I - Nem todas as loucas são piedosas, de Alexandre Honrado agora editado pela Guerra&Paz.
Não ignoram os estimados leitores que a maior razão do anátema sobre ela lançado deriva do facto de ter tido a coragem de despedir o Marquês de Pombal assim concitando a inimizade da cáfila pestilenta dos pedreiros livres.
Acusada, por uma corrente de historiadores, de ser ingénua e impreparada para o poder - esquecendo que atravessou um dos períodos mais exigentes da nossa História, com uma revolução que mudou a face da Europa e do mundo -, beata e louca, D. Maria I aparece neste livro com um rosto novo, mais humano. D. Maria I foi efectivamente "o último rei" de uma época histórica que não mais se repetirá. Acusada de não ter capacidade para enfrentar as responsabilidades da governação do reino, deixou, porém, obra feita, a começar pela coragem com que demite Pombal, o marquês todo poderoso. Devemos à Rainha coisas como a Lotaria, os sinais rodoviários – pelo menos os marcos que assinalavam os quilómetros de uma forma moderna – a criação da Casa Pia e algumas formas da portugalidade onde ainda hoje nos revemos. Na perspectiva mais humana da rainha, recorda-se que D. Maria I foi a primeira rainha a assumir a maternidade, cuidando dos filhos – e a assumir uma sentimentalidade surpreendente e contagiante.

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