21 junho 2007

REVISITANDO A ANTROPOLOGIA 2

Outro tanto se passa com os cavalos (do latim caballu), uma das sete espécies modernas do género Equus, membro dessa mesma família dos asnos e das zebras, a dos equídeos. Todos os sete membros existentes da família dos equídeos pertencentes ao género, Equus, podem relacionar-se e produzir híbridos, não férteis, as mulas. Os cavalos (Equus caballus), possuem por sua vez diversas “raças” ou espécies. Alter, Andaluz, Árabe, Berbere, Bolonhês, Bretão, Holsteiner, Oldenburgo, Percheron, Shire ou Sorraia, são apenas algumas das designações entre as mais comuns. Quererá alguém prescindir desta fabulosa diversidade em nome de uma padronização forçada de um tipo único de equus caballus? A defesa de um tipo deles, sua selecção e apuramento, acarretará algum malefício para as demais? A resposta parece-me evidente.

O mesmo é válido para o gado bovino, à excepção do toiro de lide, que foi quase generalizadamente domesticado transformando-se em gado doméstico, descende do auroque na Europa e do guar na Ásia (uma situação, como em muitas outras, em que o género actual depende de fósseis distintos da Pré-história), denominam-se genericamente de Bos taurus e subdividem-se em duas “raças” principais Bos taurus taurus e Bos taurus indicus (ambas com milhares de subespécies, da primeira - Alentejana, Angus, Barrosã, Charolês, Frísia, Limousin, Mertolenga, etc - e da segunda - Gir, Guzerat, Hariana, Nelore, Zebu, etc). Devido, desde logo, ao largo consumo da sua carne em diversas partes do mundo estaríamos disponíveis para abdicar desta diversidade? E o que dizer do que representam em termos culturais como elementos que traduzem especificidades de áreas regionais bem distintas e delimitadas? Creio que, uma vez mais, a resposta seria óbvia.

Parece, pois, começar a alinhavar-se a ideia de que, no que ao homem diz respeito, a preservação das demais espécies ou subespécies de animais é um valor inviolável, indiscutível e que todos os esforços empregues nessa mesma preservação são lícitos e desejáveis. Mas não estaremos muito longe dos domínios da Antropologia e mesmo da nossa ordem dos primatas? Sim, é certo, mas esta introdução era importante e decisiva para a continuação deste artigo (que se arrisca a uma maior extensão do que a inicialmente prevista).

(continua)


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