26 abril 2008

A SUCESSÃO EM BAYREUTH

Há cerca de um ano escrevi-vos sobre o assunto num postal a que chamei "No melhor pano caí a nódoa", sobre a complexa sucessão de Wolfgang Wagner em Bayreuth, então, como agora, envolta em polémica ao melhor estilo dramático da família.
Três candidaturas possíveis, todas bisnetas do genial Mestre de Bayreuth: a de Nike Wagner (nascida no ano em que terminou a Segunda Guerra Mundial), directora das ‘Pèlerinages’ a Kunstfest Weimar e filha do antigo director de Bayreuth Wieland Wagner e de duas filhas de Wolfgang: Eva Wagner-Pasquier (nascida também em 1945) e Katharina Wagner (nascida em 1978 em Bayreuth).
A história vem de mais atrás. Com a morte do compositor sucedeu-lhe como responsável no Festival o filho Siegfried (1908-1930) e a este sua mulher Winifred Wagner (1930-1945), mas devido à particular relação desta com Adolf Hitler o festival só reabriu em 1951 (Winifred que faleceu em 1980 jamais renegou os seus ideais e a amizade com o Führer).
O casal tivera quatro filhos, netos de Wagner: Wieland (1917-1966), Friedlinde (1918-1991) Wolfgang (1919) e Verena (1920) e nos quais podemos dizer se nota um acentuado trauma materno levando a uma absurda negação do trabalho de Winifred e a uma desconstrução de uma concepção tradicional das obras de Wagner.
Após a guerra com Wieland e Wolfgang o novo drama wagneriano surgia. Após a morte em 1966 de Wieland torna-se o único director. Inicia-se também o afastamento de Nike... e dez anos depois da sua filha Eva.
Agora depois de se ter forçado a sucessão de Katharina que, recordo-vos foi pateada, chegou-se a esta solução bicéfala, capaz de agradar ao Conselho da Fundação Richard Wagner mas que, indiscutivelmente, deixa de fora a competente e conhecedora Nike, das três a que mais talhada estaria para o lugar.

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