21 novembro 2008

DESCULPAS E MEMÓRIAS

Excelsos tributários do tiranete "mata-frades", ou "robespierrot" a que infortunadamente tivemos direito, os nossos (des)governantes, que ufanosamente, com a devida pompa, mas falha circunstância, preparam as comemorações do centenário da república, essa excelsa realidade política eregida pelo sangue e violência e jamais referendada, não esquecerão o avanço, progresso, modernidade (e outros fabulosos adjectivos que o meu empedernido cerébro não almeja) trazidos pela famosa e celebrada república.
Estou certo que vamos assistir a mais um momento em que a comemoração superará em muito a realidade, para não dizer mesmo que raiará a ficção (infelizmente não científica)... Mas por má fortuna cada vez mais as "histórias oficiais" (algumas até com carácter de lei penal), de cartilha única, a tal nos vão habituando. Bem sei que há muitos historiadores no desemprego e que, hoje em dia poucos demandam tal magistério, mas verdadeiramente não havia necessidade de inventarem versões oficiais (protegidas por lei) e colocarem os historiadores, outrora livre-investigadores, a soldo de cartilhas governamentais, não fica bem, não é bonito, nem ético... Além de ser contrário à natureza da História, com letra maiúscula e verdadeira.

Decorrem-me estas preocupações, neste país de tantas desculpas, memórias, memoriais, monumentos, actos de contrição, das oportunas palavras do Professor Braga da Cruz, Reitor da Universidade Católica, ao lembrar que as pomposas comemorações seriam o momento oportuno para o Estado Português pedir desculpa aos jesuítas (e demais ordens) pelas perseguições, maus tratos e restantes vilipêndios levados a cabo pela anti-clerical república.
Como sabem os mais atentos leitores, não sou verdadeiramente a favor da ideia do Prof. Braga da Cruz, porque acho ridículo, absurdo mesmo, pedir desculpa pela história que, independentemente de desculpas, não mudará. Trata-se de um acto inconsequente que apenas lança o opróbio sobre os nossos antepassados num dado momento histórico. Restando sempre saber se teremos legitimidade ou valor para o fazer... Mas isso são outras contas.
Entendo o Professor Braga da Cruz ao pretender alguma paridade neste negócio das desculpas e memórias. Na realidade, já se pediu desculpa aos judeus (claro que estes não podiam faltar), aos muçulmanos, ao Aristídes, etc., não faria mal nesta perspectiva (claro está) pedir desculpa aos jesuítas.
O problema do Prof. Braga da Cruz é que não está, aparentemente, em sintonia com o "politicamentecorretês" onde só alguns - se eleitos melhor ainda - merecem desculpas. Outros que arquem com as memórias...

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2 Comments:

Blogger LdM said...

Exmo Professor,

onde posso, se tal for possivel, encontrar as palavras profesridas pelo prof Braga da cruz?

quarta-feira, 26 novembro, 2008  
Blogger Humberto Nuno de Oliveira said...

Nos jornais desse dia.
Li, mas não guardei, lamento.
Cumprimentos

quinta-feira, 27 novembro, 2008  

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