30 janeiro 2007

PARA VOS SERVIR...


... braço às armas feito.

Assim se dirigia a El Rei D. Sebastião no seu épico "Os Lusíadas" o experimentado, mas já velho soldado, Luís Vaz de Camões no alvor da campanha Norte-Africana em que manifestava a sua inquebrantável vontade de, uma vez mais, contribuir para a grande gesta Nacional. É por mérito próprio que jaz nos Jerónimos a poucas dezenas de metros do túmulo do Rei a quem dedicou aquelas páginas imortais. Não se esquecem dele os Portugueses e muito justamente e nada espanta que no tal programa que vai eleger os grandes portugueses (onde já foi descoberta a terrível maquinação que conduz à vitória de Salazar que já conduziu e vai conduzindo à nova vitória de Salazar e que podem ler hoje aqui e que "explica" como afinal os votos em Salazar são produto, não da vontade dos portugueses, mas de tenebrosas tecnologias... assim sempre se vai preparando um mais suave engolir do resultado final...) surja Camões entre o lote dos dez finalistas.
Mas neste nosso país aparecem sempre uns "iluminados". não raras vezes instigados por estrangeiros que adoram, verdadeiros iconoclastas dos nossos dias, "modernizar" as figuras do passado. É o caso da Companhia de Arte Pública de Beja (apoiada pelo Ministério da Cultura - que melhor fizera em disponibilizar dinheiro para, por exemplo, se levar à cena o Auto de El Rei Seleuco- e pelo Instituto das Artes, como convém...) que leva a cabo uma performance de uma tal Gisela Cañamero que proclama "Camões É Um Poeta Rap" e a quem pretende mudar a sua imagem dando-lhe uma roupagem "actual e radical". É só modernidade e paga por nós...Dispensamos a "estilista"…
É um desrespeito, para não dizer um ultrage, permitir-se tratar Camões como um desses indigentes do rap ou hip-hop (brancos atormentados por não serem negros, mestiços e negros em que o elemento comum é a profunda tristeza de não terem nascido, não na África desenganem-se, mas num qualquer subúrbio negro dos EUA). Camões era um Português. Como classicista um Europeu e jamais teria alinhado por semelhantes imbecilidades, como a sua vida o demonstrou - sempre de braço às armas feito -, jamais seria um indigente como esses imbecis que agora lhe conspurcam o nome.
Mas acima de tudo não acham que se deveria preservar o bom senso e o respeito por um símbolo nacional... É que Camões não é para macacadas. Mas se o próprio Estado é conivente, que fazer?
P.S. É por essas e por outras que há uns bons anos um conhecido actor, de austero nome, por se permitir leviandades com um símbolo nacional ficou sem um tomate (literalmente...)... Querem brincar com tudo? Depois não se queixem...

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