27 abril 2009

CRÓNICA PARA UM PAÍS DE INGRATOS...

Não sendo crente, no sentido específico da palavra como bem sabem os leitores deste meu espaço, considero-me profundamente devoto do Santo Condestável, como igualmente é patente e notório para os que frequentam, com alguma regularidade, este espaço.
Poderão os mais puristas considerar esta postura incompreensível ou mesmo, os mais dogmáticos, uma heresia, quase digna de uma qualquer fogueira (mas também já tenho tantas para me aquecerem...). Esclareço-vos que desta minha religião cuido eu e pouco me importam as opiniões de terceiros sobre o assunto... Nela sou entidade máxima e ponto final parágrafo.
Como tantas vezes digo, não fui bafejado pela fé (pois acho que os crentes devem, na sua fé no transcendental, encontrar um conforto que, os mais agarrados ao mundo físico e ao palpável não experimentam), creio bem que por influência familiar.
Todavia possuía a minha família um incontestável tabernáculo a cuja veneração fui, desde tenra idade, obrigado. Nesse altar a figura maior era Nuno Álvares Pereira - o Santo Condestável.
Nessa verdadeira religião de família - que deveria ser comum a todos os portugueses dignos desse nome - se lhe atribuiam os maiores méritos e louvores e sobretudo o maior de todos: a ele devíamos a integridade da pátria e a manutenção da nossa independência. Tal para todos nós, e consequente para mim, justificava e motivava o cultivo da veneração que justamente lhe é devida e que quase o deificaram no meu imaginário. Foi sempre o meu Santo e como tal venerado (numa quase apropriação pagã de uma divindade). Daqui pois a devoção que lhe venero e a razão da minha ida a Roma neste acto de singela homenagem, respeito, culto e reconhecimento pela Nação que nos legou e pela Independência que nos permitiu conservar.
Heróis como o Santo Condestável surgem poucos nas histórias pátrias. Países há que não tiveram o privilégio de possuir um equivalente. É pois, para Portugal, uma subida honra e motivo de justo orgulho, ou pelo menos, deveria ser...
Face à quase geral apatia oficial com que o tema foi acompanhado em Portugal (relembrando que mesmo altos dignitários da igreja proferiram discursos que raiaram o ridículo e o incompreensível) cheguei a uma cidade onde a exultação e exaltação deste novo Santo, e nosso herói, foi evidente. Creio que nenhum português - dos que restam dignos desse nome - poderia ficar insensível ao encontrar em Roma tantas e tão diversificadas referências ao nosso herói - como bem lembrou o papa, ao invês do nosso cardeal patriarca -, herói maior de Portugal e dos portugueses, ao qual, como Santo, não é preciso escamotear o seu passado militar. Felizmente encontravam-se alguns milhares de compatriotas nossos em Roma e muitos outros dos seus milhares de devotos (esta segue à atenção de um tal de Januário...) infelizmente não poderiam aí estar, por razões lamentavelmente bem sentidas pelos portugueses...
Vim de Roma cansado mas orgulhoso do nosso novo Santo, de ser português e, cada vez mais ciente, do muito que todos lhe devemos,
coisa, aliás, que um alemão facilmente conseguiu identificar...
A gratidão ao Santo Condestável e o que lhe devemos não tem preço.
Mas não há como chegar ao nosso torrão. A mesquinhez dos homúnculos que nos vão "dirigindo" subverte a verdade, menoriza os portugueses, apaga os seus brios. Gostar de ser Português, ser nacionalista e ter orgulho em Portugal, decididamente não são temas gratos aos cultores de chavões do "politicamentecorretês". Não são coisas "modernas". São aspirações de retrogrados e muitros outros mimos com que nos mimoseiam.
O assunto não mereceu abertura de nenhum jornal nacional - se ainda fosse um belo crime ou uma qualquer manobra de propaganda do pinocrates -, os jornais de hoje remetem-no para o interior. O presidente da república fez-se representar ou primeiro-ministro também, face, seguramente, aos muitos afazeres importantíssimos que possuem... Felizmente Portugal fez-se representar. O povo, contrariamente às "elites", que tão frequentemente se deixam engodar em cantos de sereias de ocasião, marcou presença na Praça de S. Pedro e na cidade de Roma comungando com todos, católicos ou não, que não deixaram de agradecer ao seu Herói e Santo, manifestando as suas devoções com diferentes formas mas não falhando no essencial o amor ao Condestável como ele amou e nos ensinou a amar Portugal.
Um certo Portugal está decididamente de rastos, que falta nos fazia, de novo, Nun'Álvares...

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1 Comments:

Blogger Nuno Castelo-Branco said...

... e ainda bem que não destes uma vista de olhos na blogagem do contra. O que por lá foi, nem calculas!

quarta-feira, 29 abril, 2009  

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