03 agosto 2008

AMERICANICES... OU, NÃO FORA A VIDA DE KARADZIC, AINDA NOS IRIAMOS RIR MUITO...

Karadzic disse ao TPI, no passado dia 31 de Julho, que o seu julgamento não será justo porque "ninguém acredita na sua inocência" e é vítima de uma verdadeira “caça às bruxas” instigada pelos EUA.

Karadzic refere que a sua detenção foi “acompanhada por muitas irregularidades drásticas”, afirmando que “A primeira irregularidade que aponto é a caça às bruxas nos meios de comunicação social, que começou nos media muçulmanos mesmo antes do conflito armado e que me nomeou criminoso de guerra numa altura em que as únicas vítimas eram os sérvios”; "Os meios de comunicação internacionais deram continuidade a essa caça às bruxas, de forma que agora muitas pessoas consideram inimaginável a possibilidade desse tribunal me absolver. Eu acredito que esse facto prejudica seriamente este julgamento".

Acusou, ainda, o norte-americano Richard Holbrooke ter desejado a sua morte (afirmou efectivamente: “se existe alguém que merece a pena de morte é Radovan Karadzic e Ratko Mladic”) e de ter faltado ao acordo estabelecido, num documento divulgado ontem pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) para a ex-Jugoslávia.

Na moção apresentada por Karadzic afirma-se que, "Em 1996, em nome dos EUA, Richard Holbrooke fez uma proposta aos ministros e homens de Estado que eram os meus representantes autorizados, comprometendo-se em nome do seu país a que eu não fosse julgado diante deste Tribunal"; "Incapaz de cumprir os seus compromissos feitos em nome dos EUA, Holbrooke) passou ao plano B - a liquidação de Radovan Karadzic".

O acordo referido por Karadzic seria uma contrapartida secreta da sua saída da Presidência do seu partido, o SDS, e da Presidência da República Srpska, a entidade dos sérvios da Bósnia, então exigida pelos EUA para facilitar a aplicação do acordo de paz de Dayton (1995), que pôs fim à guerra da Bósnia (1992-1995). Richard Holbrooke, que negociou e acompanhou a aplicação do acordo de Dayton, sempre desmentiu a existência desta contrapartida secreta, classificando Karadzic como “um dos grandes assassinos em massa mundiais”. O antigo embaixador norte-americano na ONU e ex-secretário de Estado adjunto declarou que esta “é uma história inventada” por Karadzic.

Porém, além de Karadzic, foi a vez de ontem aos microfones da Rádio Belgrado, o ex-ministro servo-bósnio Aleksa Buha (ministro das relações exteriores da República Srpska até 1998) afirmar que foi testemunha, em 1996, de um acordo entre o emissário americano, Richard Holbrooke, e Radovan Karadzic, que garantia imunidade ao então líder dos sérvios na Bósnia, afirmando: "Holbrooke prometeu formalmente que Karadzic não seria levado ao tribunal de Haia se abandonasse definitivamente a vida pública”. Buha afirmou que a promessa de Holbrooke foi realizada durante uma reunião em Belgrado "na noite de 18 para 19 de Julho de 1996", na qual participaram Slobodan Milosevic, então presidente jugoslavo, Milan Milutinovic, na época chanceler da Jugoslávia, e Momcilo Krajisnik, um alto dirigente dos servo-bósnios.

Resta acrescentar que o acordo, garantido pela CIA até 2000, terminou quando, na ocasião das eleições gerais na Bósnia a Central se apercebeu que Karadzic continuava a dirigir o partido nacionalista sérvio, SDS, apeasr do acordo que lhe vedava o envolvimento em actividades políticas. Tal ter-lhe-á valido a fúria americana e valido a decisão da suapensão da protecção informal.

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