Há no mundo do futebol (palco fértil de impulsos dificilmente racionalizáveis e consequentemente dado a comportamentos desviantes - A Tribo do Futebol de Morris continua a ser um recomendável clássico), como é bem sabido de todos, um cortejo de marginalidades que se acobertam no apoio clubístico.
Confesso-vos que, permanecendo evidentemente benfiquista, há muito me passou essa irracional fúria que, não raras vezes, me tirava do sério e quase me transfigurava. Tempos passados de tributo à notável obra de Robert Louis Stevenson, por certo. Hoje, creio, consigo racionalizar o fenómeno e não lhe atribuir importância superior à que lhe é devida. Não esqueço, porém, os tempos em que tal temperança não abundava. Compreendo, pois, os motivos que outros apontam para lhe dispensar atenção quase deísta.
Mas já vai longa a introdutória arenga que se me suscitou a propósito da detenção de um número elevado de membros da claque dos "No Name Boys". Ao que leio, em causa estão indícios que os associam a crimes graves, como associação criminosa (embora saibamos como esta expressão dá "pano para mangas"...), agressões violentas, tráficos de droga e armas, um apreciável rol, pois, de actividades marginais.
Parece pois que face aos indícios e mesmo substâncias apreendidas há matéria suficiente para criminalização desses indivíduos. Louva-se, naturalmente, a actuação de quem luta para retirar marginais ao convívio social.
Todavia não pude deixar de notar que (para além da inexistência de zelo análogo para outras congéneres de outras cores clubistas), à orgulhosamente multiracial, opositora de fanatismos de direita (recorde-se que se separaram dos "DV" por não quererem ser conotados com a extrema-direita) e "canhota" claque do Benfica, todas as críticas se mantiveram (e muito bem!) no mero plano criminal...
Fora a dos "Diabos Vermelhos" e a demonização (a que estou certo não faltariam mesmo tenebrosas ligações ao Mário Machado - apesar de sportinguista) e o espantalho da extrema-direita já aí andava pelos jornais como prenúncio de um qualquer golpe de estado...
Enfim... cumpra-se a justiça, se não for pedir demasiado...
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